Na apresentação dos créditos de alguns programas de TV, telespectadores da região da Amesc podem, entre alguns nomes, encontrar um nome familiar. Jordani Cantelli é conhecido, nos bastidores da teledramaturgia como Dino Cantelli e integra o time de redatores da Rede Globo.
Ele nasceu há 38 anos, em Jacinto Machado, um lugar do qual tem muito orgulho. Ele conta que foi lá que ganhou “amigos da vida” e pôde exercer sua criatividade com muito apoio. “Tive professores maravilhosos e pais e que sempre me incentivaram. Alguns familiares continuam por lá, mas minha mãe, por exemplo, se mudou para Criciúma. Meu pai vive num sítio nos arredores de Jacinto Machado, cuidando dos bichinhos dele”, conta.
Devorador de literatura de todos os estilos, lembra de ir até a Biblioteca Municipal de Jacinto Machado “e ficar lá, por horas, lendo ou escolhendo livros”. Dino revela que o escritor que o ensinou a gostar de ler foi o gaúcho Luís Fernando Veríssimo. “Foi com os contos e romances dele que aprendi o prazer da leitura e tive a vontade de enveredar pela escrita. Esses meus primeiros textos eram quase que emulando o Verissimo, de tanto que eu o admiro. Depois passei aos clássicos, aos pop, a todo tipo de leitura. Consumo tudo, porque tudo vira inspiração. E todas essas referências viram combustível para encontrar nosso próprio estilo”, diz.
Cantelli começou como colunista do jornal Volta Grande, na sua cidade. Lembra que mandou alguns textos e o diretor, José Mota Alexandre gostou do material e o chamou para trabalhar. “Lá, conheci pessoas maravilhosas, que me ensinaram muito e tiveram muito carinho comigo. Uma delas foi o querido Franco Vasconcellos, hoje, editor do Portal C1”. Na época, Dino tinha pouco menos de 18 anos de idade e assinava o material como “Tio Dino” e, não raro, causava certo espanto entre o público leitor; pensavam que se tratava de um senhor bem mais velho.
Durante esse tempo, cursou Artes Visuais, na Unesc, em Criciúma, onde se formou. “Quando saí do jornal, fiquei alguns meses desempregado e disparei currículos por todo o Brasil (mesmo, lembro de enviar currículo até pro Recife). Assim que me formei, recebi uma ligação de uma agência de publicidade de Florianópolis. Comecei a trabalhar lá e fui muito feliz, mas sempre quis trabalhar com TV e cinema. Era meu sonho de criança. Escrevi alguns textos na internet, que chamaram a atenção de jornalistas de outros lugares, como Rio e São Paulo. Acabei indo parar no Rio, para trabalhar no “Kibe Loco” (um dos fundadores do “Porta dos Fundos”). Dali, de novo, enviei textos, desta vez para o “Domingão do Faustão”. Nem acreditei quando me chamaram”, comemora.
Dino já emplacou diversos sucessos com as equipes em que trabalhou. “Depois do Domingão, eu parti para a dramaturgia, que sempre foi meu objetivo. Então comecei no “Tapas & Beijos”. Depois escrevi duas temporadas de “Malhação”, as séries “Mister Brau”, “Filhos da Pátria”, “Diário de Um Confinado” e “Segunda Chamada”, e as novelas “Deus Salve o Rei”, “Mar do Sertão”, “Elas por Elas”. Ele nos conta que tem um carinho muito especial pelo “Tapas & Beijos”, porque ali aprendeu a escrever dramaturgia e o “Domingão do Faustão”, que foi onde começou e aprendeu como se faz TV ao vivo.
Sobre chegar na Cidade Maravilhosa, há 14 anos, Cantelli recorda que percebeu que se adaptaria quando, numa segunda-feira, cinco da tarde, viu um pessoal bebendo chope num boteco. “Falei pra mim mesmo: meu Deus, aqui é assim! E nunca mais quis voltar”. Perguntamos: e o sotaque? Já está chiando? Bem humorado, ele diz que mudou, “mas virou uma bagunça cosmopolita, entre catarinense, mineiro e paulista… qualquer coisa, menos carioca”.
Da rotina do interior, o roteirista tenta, sempre que possível, ir até um lugar de paz. “Jacinto Machado sempre teve esse lugar em mim”. Então, quando possível, vai a alguma cidade próxima do Rio, serrana, de preferência, e contempla essa paz, que precisa, pois não consegue estar em Jacinto Machado tanto quanto gostaria, mas sempre que possível. “Valorizo muito minha família e meus amigos e amo estar próximo deles”, fala.
Ainda sobre o convívio com as celebridades, comemora algumas oportunidades que recebeu. “Já tive a oportunidade de escrever para atores incríveis. Vou citar três, que foram um ponto de virada na minha vida: Andréa Beltrão, Fernanda Torres e Lázaro Ramos. Nem acreditei quando vi eles falando um texto meu”.
Sobre as novidades que vem por aí, revela que já está em um novo projeto, para as 18h, chamado “No Rancho Fundo”, com previsão de estreia para o ano que vem.
