Já se deu conta que muita gente sabe o que é melhor para você? Antes mesmo de terminarmos uma frase numa simples conversa informal, lá vem alguém finalizando como se soubesse a resposta. Não bastasse isso, existem algumas pessoas que nem sabem o que é melhor para elas próprias, mas de vez em quando sentem-se no direito de palpitar sobre a nossa vida e sobre as nossas decisões.
Eu entendo que em determinadas situações, precisamos de algumas sugestões ou simplesmente de alguma dica. Talvez um conselho ou na dúvida qual seja a melhor alternativa, precisamos consultar alguém mais entendido no assunto, mas convenhamos, a outra pessoa precisa ser um exemplo ou “expert” sobre tal situação.
Então, deixe-me contar uma historinha compartilhada pelo meu amigo Benedito na época em que trabalhamos juntos na área de design gráfico. Chamava-se A Casa do Palpite e era mais ou menos assim:
Um homem decidiu construir uma casa de alvenaria. Alicerce pronto e as paredes já altas, passou um conhecido e disse-lhe: A porta da frente devia ficar para este lado. E lá foi o homem abrir uma nova fenda na parede e fechar a outra.
Mal terminou aquela parte, passou outro e sugeriu uma janela diferente numa outra parede. E assim seguiu a construção. A cada sugestão dada, um novo remendo nas paredes. Já deu para imaginar o desenvolvimento da obra, não?
Pois o tal homem resolveu deixar aquela construção e iniciar uma outra ao lado. A cada um que passava e sugeria algo diferente, ele apontava para a casa do lado e dizia: “a casa do palpite é aquela ali do lado”.
Quando estudei Boundaries (Limites), estudo do livro do mesmo nome, escrito pelos psicólogos americanos Henry Cloud e John Townsend, aprendi que com certa diplomacia posso resolver esse “desafio” com meus amigos sem parecer rude. Como em qualquer tipo de relacionamento, comunicação é a palavra-chave e é imprescindível lembrar: “não é o que você diz, mas QUANDO e COMO você o diz”.
Situações como “a casa do palpite”, nos causam desconforto pois a pessoa está sempre interferindo na conversa com “palpites” e sugestões que não nos agradam. Para isso, o ideal é que usemos uma voz calma e delicada. Agradeça a consideração dela e lhe explique com gentileza que você já tem uma ideia em mente e que não gostaria de discutir tal assunto no momento.
Na dúvida, traga à tona um outro assunto ou talvez alguma lembrança agradável do passado. As conversas com bons amigos têm um valor incrível e muitas vezes elas têm um efeito surpreendentemente bom para a nossa saúde física e mental.
Pensou agora em alguém assim? Vai lá e chama essa pessoa para uma conversa gostosa. Lembre-se, você pode não mudar o jeito de ser dessa pessoa, mas mudando a sua visão e a sua percepção do mundo e dos outros, ela certamente se beneficiará da sua transformação. Vou sempre dizer e repetir: quando usamos diplomacia e respeito, qualquer situação difícil pode ser resolvida com mais eficiência e eficácia.

Humberto Gessinger, vocalista da banda Engenheiros do Hawaii.