No inverno, produtores de mel de Balneário Gaivota buscam locais de maior altitude, levando as abelhas. Dessa forma o apicultor consegue fazer duas safras ao ano
Balneário Gaivota
Quando os meses de outono e inverno chegam, e com eles o frio, muita gente tenta fugir das baixas temperaturas, e quando os moradores do litoral procuram as serras é para um rápido passeio turístico.
No entanto, existe um grupo de famílias que migra para os locais de maior altitude e lá permanece todo o meio do ano, voltando às praias somente no verão. Elas trabalham na produção de mel e precisam migrar, levando as abelhas, para não ficar paradas e ter prejuízo.
Ademir dos Santos, conhecido como Tata, é presidente da Associação de Apicultores de Balneário Gaivota, e neste período encontra-se em Urupema, na serra catarinense. A associação possui 22 associados e praticamente todos sobem as serras catarinense ou gaúcha neste período. A maioria, como Ademir, leva toda a família. “No início a gente ficava meio acampado aqui. Agora já temos uma estrutura de casa e galpão. Meu guri até tá estudando aqui em Urupema”, conta. Ele explica que a migração é necessária porque as floradas são mais comuns nestes meses na serra. Sem essa mudança, afirma, as abelhas podem até morrer de fome. Além disso, dessa forma o apicultor consegue fazer duas safras ao ano.
As cerca de 100 toneladas de mel produzidas pelos membros da associação da Gaivota, são destinadas a empresas catarinenses que processam e embalam o produto e o colocam no mercado para venda ao consumidor final. Segundo Ademir, é este processo que torna o mel caro, o que acaba afastando este alimento tão saudável da mesa do brasileiro.
A associação conseguiu na semana passada a regularização de um terreno doado pela prefeitura para a construção de sua sede própria, um sonho antigo, conforme a entidade. O lote está localizado no bairro Lagoa de Fora. Outra boa notícia, é que a administração municipal está projetando a construção de uma Casa do Mel, a ser construída na Terceira Avenida, no Centro do Balneário. Além de possibilitar a comercialização de mel e seus derivados direto ao público, também oferecerá espaço para outras mercadorias da agricultura familiar. “Vai ser muito bom pra nós e para os outros produtores rurais do município. Ajuda a divulgar, porque o brasileiro come pouco mel comparado a outros povos”, analisa o presidente.
É também uma forma da população conhecer um pouco mais sobre a profissão que Ademir exerce há 30 anos. Tomar conhecimento da rotina pesada de quem enfrenta os rigores das cidades mais frias do Brasil para trabalhar. “A gente acostuma, ficamos aqui em cima até janeiro, mas eu vou de vez em quando na Gaivota. Fico uns dias resolvendo as coisas e volto”.
Mel é alimento
O brasileiro, de forma geral, considera o mel apenas como um medicamento natural útil para as vias respiratórias. Mas esse produto das abelhas é na verdade um alimento rico em nutrientes. Tem grande quantidade de vitaminas e enzimas fundamentais à digestão. Também contém minerais, ácidos orgânicos, proteínas, aminoácidos e açúcares, que são absorvidos rapidamente, proporcionando calor e energia ao organismo. Pela falta de consciência dessa amplitude alimentar, o consumo no Brasil é baixo.