Nos dois municípios é feriado no dia da festa em honra a São Sebastião e Nossa Senhora Aparecida. A festa, que ocorre na comunidade de Figueirinha, em Gaivota, completa 100 anos de existência e muitos fiéis fazem romaria de Sombrio até o Balneário Gaivota.
O que leva uma pessoa a caminhar cerca de dez quilômetros carregando nos braços um bebê de dois meses?
No caso de Tamiris de Oliveira Marques, a fé e a gratidão. Na última sexta-feira, dia 20, ela saiu do bairro São Francisco, em Sombrio, de madrugada, e foi a pé até a comunidade de Figueirinha, em Balneário Gaivota, onde acontecia a festa em honra a São Sebastião e Nossa Senhora Aparecida. O marido de Tamiris fez o percurso de carro com os filhos gêmeos do casal, de quatro anos, para trazer todos para depois no automóvel. As três crianças estavam caracterizadas como Maria, José e o bebê como um anjo. “É a representação da Sagrada Família. Eu não vim pagar nenhuma promessa específica, vim agradecer por tudo. Principalmente pelos nossos filhos, eles são um milagre”, disse a mãe.
A festa que é uma das mais antigas da região, chegando aos 100 anos de existência, é cheia de histórias como a de Tamiris. Gente que pede e gente que agradece a São Sebastião.
Entre os milhares de devotos que passam pelo local, estão anônimos e conhecidos, como os deputados Zé Milton Scheffer e Tiago Zilli, ambos representantes do Extremo-Sul catarinense, a prefeita de Sombrio, Gislaine Cunha, e o prefeito de Balneário Gaivota, Everaldo dos Santos, o Kekinha. O 20 de janeiro é feriado nos dois municípios.
O padre Geovane Souza organizou a manifestação religiosa em parceria com o Caep da igreja da Figueirinha, festeiros e outros voluntários. Desde a criação da paróquia da Gaivota em 2020, foi a primeira festa sem nenhuma restrição imposta pela pandemia do coronavírus. Talvez por isso, o público tenha sido tão expressivo. “Estou muito feliz, ver o ambiente assim cheio de fieis é uma realização”, afirmou o pároco.
A missa das 10 horas, considerada a principal, foi celebrada mais uma vez pelo bispo da diocese de Criciúma, Dom Jacinto Inácio Flach. Todas as missas acontecem sempre ao ar livre, em meio as árvores, o que é um atrativo a mais, avalia o bispo. “Estar na natureza já é uma forma de celebrar. E quando vinha para cá, ainda vi muitos romeiros caminhando, é uma linda demonstração de fé”, enfatizou.
Dom Jacinto e padre Geovane costumam ouvir muitos relatos de milagres realizados pela intercessão de São Sebastião. O vereador sombriense Dion Elias fez questão de contar a sua história à Rádio 93 FM. Dion falou da grave doença degenerativa que teve no quadril ainda menino, e do dia em que foi, usando muletas, com o pai até a Figueirinha. “Levamos umas quatro horas para chegar na festa, porque eu caminhava bem devagar. Depois disso, meu quadril se ajustou de forma que nem os médicos conseguiam explicar, e nem precisei fazer cirurgia”, testemunhou. O vereador e milhares de outras pessoas, todos os anos fazem a romaria rumo a pequena comunidade que no dia 20 de janeiro se transforma em capital da fé.