Nos últimos dias, a população de Sombrio e cidades vizinhas tem reclamado de um forte cheiro de fumaça no ar, especialmente durante a noite, que tem incomodado os moradores e dificultado a convivência no dia a dia. A moradora de Jacinto Machado, Lucimar Panisson relata que “chega a arder as narinas”. Da Lagoa de Fora, em Balneário Gaivota, Marina Euzébio conta que “quando o vento diminui, a fumaça fica mais densa e até dentro de casa pode ser sentida”.
A origem dessa fumaça está sendo atribuída a incêndios florestais, são mais comuns no segundo semestre do ano, mas com a seca se intensificam devido à baixa umidade e calor excessivo, fatores que favorecem a queima da turfa, material orgânico encontrado em áreas pantanosas da região.
De acordo com o Capitão Bianchi, responsável pelo 2º Pelotão do Corpo de Bombeiros Militar de Sombrio, a ocorrência é mais frequente nos meses secos, quando as condições climáticas se tornam mais favoráveis à propagação de focos de queima. “A queima de turfa, que ocorre de maneira subterrânea, é um problema recorrente na nossa região. No entanto, não temos nenhum chamado para queima em vegetação”, explicou o Capitão.
O terreno de turfa é um dos maiores responsáveis pelos incêndios dessa natureza, e sua formação é característica da região que se estende de Passo de Torres até Araranguá. A turfa é um material orgânico, composto por restos de plantas que, ao longo do tempo, se decompõem parcialmente e se acumulam em camadas, formando um solo pantanoso altamente inflamável. A combinação de calor intenso e a baixa umidade do ar cria condições ideais para que esse material entre em combustão, iniciando um processo de queima subterrânea, difícil de combater.
Em conversa recente com a engenheira agrônoma da Epagri de Araranguá, Luciana Ferro Schneider, ela nos detalhou o processo de queima da turfa e os desafios enfrentados pelos bombeiros. “A turfa é composta por materiais orgânicos, que, em algumas áreas da nossa região, estão localizados em terrenos pantanosos. Quando esses locais ficam muito secos e quentes, a turfa começa a pegar fogo de forma subterrânea. A queima ocorre abaixo da superfície, o que impede que os bombeiros vejam o fogo diretamente. Em vez disso, eles se deparam com uma grande quantidade de fumaça, o que torna o combate muito mais difícil”, afirmou Schneider.
Ela ainda ressaltou que, embora o fogo em si não seja visível, os efeitos da fumaça são sentidos com intensidade, prejudicando a qualidade do ar e gerando preocupação para a saúde pública. “A fumaça pode permanecer por longos períodos no ar, aumentando os riscos respiratórios para os moradores da região”, completou a engenheira.
O Capitão Bianchi destacou a importância do monitoramento contínuo e da colaboração da população para evitar o agravamento da situação. “Em casos como esse, a prevenção é fundamental. Pedimos à população que evite qualquer tipo de queimadas e que, caso identifiquem focos de incêndio, entrem em contato imediatamente com os Bombeiros”, orientou.
Moradores da região relatam incômodos com fumaça: queima de turfa
