Mãe de um adolescente de 14 anos, que sofreu um acidente vascular cerebral e sobreviveu com graves sequelas, e mais quatro filhos, mulher luta para pagar as contas, cuidar dos filhos e ainda convivia com violências do ex-marido
Sombrio
Há três anos, o nome de Paula Domingos se tornou conhecido dos sombrienses devido as campanhas feitas para ajudar o seu filho. Brayan, então um adolescente de 14 anos, sofreu um acidente vascular cerebral, esteve entre a vida e a morte, e sobreviveu com graves sequelas. Ele não caminha, usa fraldas e tem outras necessidades especiais.
Para cuidar do filho que ficou dependente dela, a mãe mudou o brechó que tinha para a própria casa, no bairro Nova Brasília em Sombrio. As vendas são feitas de forma presencial e através de lives quase diárias que a proprietária faz. Deste negócio vem a renda da família que era formada pelo casal, o pai com 40 anos de idade e a mãe com 38, e cinco filhos.
O marido de Paula, com quem ela foi casada durante 18 anos, trabalhava, mas segundo ela, tudo que ele ganhava era gasto em drogas. “Nos últimos dois anos, ele vinha usando crack todo noite. Não dormia e não me deixava dormir”.
A mulher disse que sustentava o lar sozinha, e a única obrigação do marido seria pagar a fatura de energia elétrica. Só que ele não pagou e a luz foi desligada agora em fevereiro. Ao invés de pagar a conta, ele teria feito uma ligação clandestina. A Celesc desligou o ‘gato’ também. Paula foi se informar sobre a situação e soube que a dívida é de R$ 3.700,00. Conseguiu parcelar a conta e o fornecimento foi normalizado.
Enquanto tomava essas providências, Paula diz que denunciou o marido através do Disque 100, por agressões a ela e aos filhos. “Eu dizia para ele: pensa nos teus filhos, olha o que a gente está passando. Só que ele achava que estava bom assim. Então eu dei um basta e ele foi preso”, conta. Desde então, segundo a mãe a vida da família ficou bem melhor. “Meus filhos não aguentavam mais. Ele dava pontapés na menina de 16 anos, que me ajuda a cuidar dos irmãos enquanto eu trabalho. Agora está um sossego, sem aquele medo e a angústia”.
Paula diz que nos 15 dias de separação, não tomou nenhum comprimido para dor, coisa que antes fazia todo dia. Acredita que seus problemas de saúde eram de fundo emocional. “Eu tinha perdido toda a autoestima de tanto ser humilhada. Não falava sobre isso porque tinha vergonha. Agora quero reconstruir a minha vida. Quando ele sair do presídio, na minha casa eu não quero mais.”
Com os filhos para sustentar e a dívida da energia elétrica para quitar, neste mês Paula fez um pedagio com ajuda de amigos para arrecadar recursos.