Governador Jorginho Mello (PL) nomeou na segunda-feira o ex-presidente da Fundação de Esporte e Cultura de Palhoça, Jeferson Ramos Batista, como novo presidente da Fundação Catarinense de Esporte, a Fesporte, órgão que comanda todas as atividades esportivas ligadas ao Governo do Estado, e também mantém parcerias com prefeituras e com a iniciativa privada, visando o fomento do esporte catarinense.
A indicação de Jeferson para o cargo foi feita pelo deputado estadual Fernando Krelling (MDB), e faz parte do acordo entre Jorginho e o partido do parlamentar, que também permanecerá a frente da Secretaria de Infraestrutura, e ainda passará a comandar a Secretaria de Agricultura e Pecuária, e a Secretaria de Meio Ambiente e da Economia Verde. Até aí tudo bem. O jogo político sempre foi este e provavelmente não irá mudar nos próximos séculos, ao menos no Brasil.
Uma situação pontual, no entanto, chamou muito a atenção no que diz respeito a nomeação do presidente da Fesporte. É que na quarta-feira da semana passada o governador havia nomeado o advogado Vinicius Guilherme Bion para o cargo, nome que também havia sido indicado pelo deputado Fernando Krelling. Na quinta-feira, no entanto, Vinícios foi exonerado, sem nenhum motivo aparente, sendo sucedido nesta semana por Jeferson Batista, que não tem nada a ver com a história.
Coincidência ou não, tão logo foi anunciado como presidente da Fesporte, Vinicius Bion passou a ser duramente criticado por bolsonaristas, e especialmente pela deputada federal Júlia Zanatta (PL), por conta de sua suposta ligação com partidos de esquerda. Vinicius trabalhou no Tribunal de Justiça Desportiva de Santa Catarina de 2012 a 2022, órgão que chegou a presidir, e desde 2023 é Conselheiro Estadual de Esporte, com mandato que se estenderá até outubro deste ano, além de ter formação em Gestão Esportiva.
O fato é que Vinícius nunca foi candidato a nenhum cargo que necessitasse filiação partidária, e também não é filiado a nenhum partido. Se por ventura ele mantém relações sociais com líderes de esquerda, isto não seria óbice para presidir a Fesporte, órgão que não tem em seu âmago nenhuma pretensão ideológica.
A obstrução ao nome dele é grave, e deve servir de alerta à população catarinense, afinal de contas uma parcela de nossos políticos está começando a confundir democracia com imposição da maioria.
O mundo está cheio de exemplos de histórias que começaram assim e não terminaram nada bem. Este rancor ideológico só depõe contra a sanidade do processo democrático. O próprio governador Jorginho Mello, enquanto deputado federal pelo PR, deu sustentação na Câmara dos Deputados ao governo da petista Dilma Rousseff. Isto não faz dele um mal gestor, nem tampouco desabona sua índole.
Finais
- Diante da falta de um cenário claro para o futuro do PSDB, em nível nacional, a governadora de Pernambuco, Raquel Lyra, anunciou que deixará o partido e se filiará ao PSD, de Gilberto Kassab. Com isto, os tucanos ficarão com apenas dois governadores: Eduardo Leite, no Rio Grande do Sul, e Eduardo Reidel, no Mato Grosso do Sul, que também tem prospectado outras legendas para receber sua filiação. Pelo andar da carruagem, o PSDB tem tudo para se transformar em um partido regional, com alguma expressão apenas nos Estados de São Paulo e Minas Gerais.
- O fim da Era Eduardo Leite, ano que vem, também deve sepultar a legenda no Rio Grande do Sul. A bem da verdade, grande parte da responsabilidade desta derrocada do PSDB está ligada ao fato da carência de líderes nacionais do partido com cheiro de povo. O PSDB sempre fez questão de se esconder atrás de ternos e gravatas, em um país onde boa parte da população não tem dinheiro nem para comprar sapatos. Se reinventar a esta altura do campeonato é demasiadamente tarde. Justamente por isto a legenda deve definhar, sem nenhuma perspectiva de voar voos mais altos, tantos em eleições estaduais, quanto nacionais.