A recente queda na popularidade do presidente Lula da Silva (PT) entre os eleitores do Nordeste tem gerado preocupação junto a seus aliados e provocou pedidos de mudanças na gestão federal, o que poderá causar impactos nas eleições de 2026. Uma pesquisa Datafolha, divulgada recentemente, mostrou que a aprovação pessoal de Lula caiu de 35% para 24% nos últimos dois meses nos Estados nordestinos, o menor índice dentre seus três mandatos. Na região, a avaliação positiva do governo Lula também despencou de 49% para 33%.
Essa redução na popularidade é atribuída a desgastes do governo, como a “crise do Pix” e o aumento no preço dos alimentos, que afetou especialmente a população de baixa renda. A aprovação de Lula entre os entrevistados que recebem até dois mínimos caiu de 45% para 29%. Essa nova realidade levanta dúvidas sobre a capacidade do presidente de transferir votos em 2026, fator que é essencial para o sucesso de seus aliados nas eleições estaduais.
Oito dos nove governadores nordestinos foram eleitos com o apoio de Lula em 2022, com exceção de Raquel Lyra (PSDB), de Pernambuco, que vinha buscando se aproximar do presidente, mas que deverá rever seu posicionamento. Governadores nordestinos já haviam alertado o presidente para o risco de queda de sua popularidade por conta do engessamento da economia brasileira e do aumento nos preços dos produtos da cesta básica. Duas sugestões foram apresentadas a Lula: mudança em ministérios chave, como o da Fazenda, e uma maior presença sua nos Estado do Nordeste.
A relação entre Lula e os governadores, de um modo geral, não anda das melhores, muito por conta da decisão do ministro do Supremo Tribunal Federal, Flávio Dino, de suspender a liberação de recursos na ordem de R$ 4,2 bilhões em emendas parlamentares, dinheiro este que iria para Estados e municípios. Como a escolha de Flávio Dino para o STF foi uma decisão mais do que pessoal de Lula, a suspensão na liberação dos recursos acabou cheirando a uma receita feita dentro do Palácio do Planalto.
Tudo isto acaba criando entraves para Lula em seu projeto de reeleição. Quanto menos aliados nos Estados, mais difícil de tornará sua missão ano que vem. Em Brasília o que se diz é que o governo não tem dinheiro, e, como se sabe, sem dinheiro até o rastro é feio.
Finais
- Presidente estadual do PSD, Eron Giordani, que foi candidato a vice-governador na chapa encabeçada por Gean Loureiro (União) em 2022, acredita que a candidatura do prefeito de Chapecó, João Rodrigues (PSD), ao Governo do Estado, ano que vem, atrairá apoio pluripartidário. Rodrigues fará o lançamento de sua pré-candidatura ao governo no próximo dia 22 de março, e, de acordo com Eron, lideranças de expressão do União Brasil, Novo, Podemos, PSDB, e até do PL do governador Jorginho Mello, já confirmaram presença no evento. Em que pese a validade do movimento de atração de outras legendas para o projeto estadual do PSD, o partido também deveria reservar um tempo para normatizar a conduta de seus líderes. Um exemplo é o prefeito de Florianópolis, Topázio Neto (PSD), que vive a tiracolo de Jorginho Mello e deverá estar em seu palanque em 2026. Mesma situação que deverá acometer Paulinho Bornhausen, igualmente filiado ao PSD, mas que atualmente ocupa a Secretaria da Articulação Internacional do governo catarinense.
- De todo modo, João Rodrigues já está dando o tom da campanha ao Governo do Estado. Nos contatos que mantém com a imprensa, e nas suas explanações públicas, de cunho político, ele não perde a oportunidade de enfatizar que é um histórico militante da direita, com passagens pelo PFL e pelo Democratas. No embalo, diz que não se envergonha de sua origem política, “ao contrario de outros que insistem em esconder o passado”. Esta fala de João Rodrigues é direcionada a Jorginho Mello, que em 2014 foi eleito deputado federal pelo PR, época em que a legenda dava sustentação ao governo da então presidente Dilma Rousseff (PT). Entre 1998 e 2014, Jorginho também foi deputado estadual e federal pelo PSDB, época em que o partido mantinha um posicionamento francamente identificado com a social democracia, espectro político que bebe na fonte do marxismo. O grande problema de João Rodrigues será convencer o eleitorado catarinense que estes fatos têm alguma relevância na hora do voto. A única coisa que o eleitorado catarinense irá querer saber é se o candidato está contra ou a favor de Bolsonaro.