Contrariando o conhecido provérbio criado pelos antigos navegadores portugueses de que – “Navegar é preciso, viver não é preciso”, acho que viver é preciso, sim senhor. E é muito bom. A estrutura física do homem é muito frágil, talvez uma das mais frágeis do mundo animal. No início, deve ter sido muito difícil para o ser humano sobreviver num ambiente inóspito como era a Terra, repleta de perigos, cheia de feras prontas para devorá-lo e, a pior delas, o próprio homem.
A primeira arma que a natureza deu ao homem para se defender foram os braços. Tanto é que, no idioma inglês, a palavra “braço” se denomina “arm”, que significa também “arma”, na mesma língua. Mas os braços não são suficientemente resistentes, para suportar fortes impactos, nem mesmo propiciar um ataque seguro. Também, por fazerem parte do corpo humano, deixam sua integridade física muito vulnerável. Além do mais, os braços têm alcance limitado, nem sempre chegam ao alvo desejado. Daí, então, ele passou a usar pedras e porretes, enfim, o que estivesse à mão, para se defender ou atacar. Enfim, sobreviver.
Como o homem está em constante evolução, foi criando e aperfeiçoando armas; fundas, lanças, espadas, arco e flecha, catapultas e o “diabo a quatro”. Sem pretender adentrar no terreno das armas mais sofisticadas, com a invenção da pólvora, chegamos às armas de fogo, sendo a mais conhecida e utilizada o revólver, ou mais modernamente, as pistolas automáticas.
O homem é um ser imperfeito, e isso todo o mundo está cansado de saber, mas aqui é preciso repetir. Tudo estaria muito bem se as armas fossem usadas exclusivamente com o fim da defesa pessoal. Mas não é assim. Na prática, elas são muito mais utilizadas para ameaçar, roubar, ferir e matar maldosamente.
Como a humanidade organizou-se em sociedade, e através dela criou o estado. Este ficou incumbido de defendê-la, através das forças armadas para agressões externas e da polícia para as internas. Alguns países, ricos e mais evoluídos culturalmente, até conseguiram evitar ou diminuir a criminalidade. Mas a maioria das deles não, como é o caso do Brasil.
As autoridades, preocupadas com o insuportável e incontrolável índice de violência que assola o nosso País, decidiram impor uma lei rigorosa para o porte e posse de armas de fogo. No que, em parte, concordo. Acontece, porém, que o Estado brasileiro não tem condições de dar segurança ao cidadão. Nós vivemos como o homem da pré-história; numa selva, cercado de perigos. Só os braços, pedras e porretes são insuficientes para defendermo-nos dos bandidos. E aí, meu irmão?
Ter uma arma exige despesas, cuidado rigoroso, perícia, destreza e, o principal, muito controle emocional, o que nem todos têm. Bem, “se correr o bicho pega, se ficar o bicho come”. A decisão de ter uma arma, ou não é muito pessoal. De qualquer forma, é sempre bom o marginal ter dúvida se tens uma em casa, ou não. Se ele tiver certeza de que não tens, corres sérios riscos. Você decide.