Nesta sexta-feira, 13 de setembro, a data não apenas evoca o clima supersticioso associado ao dia, mas também traz à tona um capítulo marcante da história da cibersegurança: o vírus “Sexta-Feira 13”. Desenvolvido em 1987 e também conhecido como “Jerusalém”, esse malware se destacou como um dos primeiros a causar um impacto global significativo na era dos PCs.
O vírus foi projetado para se espalhar no dia 14 de maio de 1988, em uma tentativa de marcar o 40º aniversário da criação do estado de Israel. Detectado pela primeira vez pela Universidade Hebraica de Jerusalém, o “Sexta-Feira 13” se propagava principalmente por disquetes, CD-ROMs e anexos de e-mails, utilizando métodos locais devido ao estágio incipiente da internet na época.
Funcionamento e Impacto do Vírus
Quando o calendário do PC marcava uma sexta-feira, 13, o vírus era ativado, infectando e eliminando todos os arquivos e programas em uso. Com um tamanho de apenas 419 bytes, o “Sexta-Feira 13” afetava arquivos com extensões “.com”, “.exe” e “.sys”, ampliando seu tamanho a cada execução e reduzindo a memória disponível do sistema. Isso fazia com que o MS-DOS, o sistema operacional predominante na época, ficasse mais lento e ineficiente.
Classificado como um vírus “bomba-relógio”, o “Sexta-Feira 13” permanecia inativo até as sextas-feiras 13 seguintes, quando apagava arquivos em uso. Outros vírus da mesma categoria, como Michelangelo, Chernobyl e Conficker, também causaram grande preocupação na época.
Repercussão na Mídia e Medidas de Combate
Mesmo com a internet limitada, o “Sexta-Feira 13” causou estragos significativos, afetando instituições, empresas e universidades ao redor do mundo. A gravidade da ameaça foi amplamente coberta pela mídia; o The New York Times publicou uma matéria em 8 de outubro de 1989, descrevendo o vírus como um dos mais perturbadores já vistos. Pamela Kane, da Paralex Ltd., o chamou de “um verdadeiro assassino”, enquanto Winn Schwartau, da American Computer Security Industries, destacou a necessidade urgente de antivírus para proteger redes grandes.
Para combater o vírus, as recomendações da época eram semelhantes às de hoje: manter sistemas operacionais e soluções de segurança atualizados e evitar abrir e-mails, links e anexos desconhecidos. Além disso, alguns especialistas sugeriram uma solução improvisada, aconselhando os usuários a ajustar o relógio do sistema para evitar a ativação do vírus em sextas-feiras 13.
Desvanecimento e Legado do “Sexta-Feira 13”
Com a chegada do Windows e o avanço das soluções de segurança, o “Sexta-Feira 13” perdeu sua eficácia e tornou-se obsoleto em máquinas modernas. Atualmente, é provável que o código esteja extinto ou restrito a cópias preservadas por pesquisadores de segurança digital.
O “Sexta-Feira 13” serve como um lembrete de que, mesmo nas fases iniciais da computação, as ameaças digitais já apresentavam desafios significativos. A vigilância constante continua sendo crucial para a proteção contra ataques cibernéticos, que só se tornam mais sofisticados com o tempo.