terça-feira, 20 DE maio DE 2025
Claudete MatosNão está morto quem peleia

Não está morto quem peleia

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Já falei sobre aquela música que persiste em brincar em nossa mente em determinados dias ou momentos. Mas e aquela que mexe com a cabeça de muita gente ao mesmo tempo, principalmente em momentos específicos da vida? Não estou me referindo à aquelas passageiras que num dia estão no auge e num outro são esquecidas. Mas sim aquelas que tem contexto e que não somente tocam na rádio ou na televisão, mas que tocam nossa alma e coração. Já falei sobre expressões que descrevem um momento ou uma fase em nossa vida, mas não numa que descreve uma situação histórica para uma população ou até mesmo, para toda a nação. Foi assim que vi o Rio Grande do Sul se reerguer no ano passado, depois das fortes enchentes que devastaram grande parte do estado. “Não está morto quem peleia” foi usada por muitos para expressar tamanha força, coragem e espírito de luta da minha gente.

 

Quando muitos dizem que o amor de todos esfriou e que as pessoas pensam apenas em si mesmo, um número gigantesco de pessoas surgiu do nada, desbravando fronteiras e circunstâncias para estender a mão ao povo riograndense. Se isso não é amor ao próximo, então eu já não sei o que é amor.

 

Lembre-se, compaixão e empatia são requisitos imprescindíveis tanto no ambiente de trabalho quanto na sociedade e isso começa por cada um de nós. Mas não é disso que quero falar. Quero falar mesmo daquela força interior que faz tremer qualquer barreira à nossa frente. É algo que vem de dentro e num ímpeto só, nos torna do avesso, nos fazendo arregaçar as mangas e ir à luta. A psicologia define isso como Inteligência Emocional e nós brasileiros estamos no topo da lista. Gente pra frente e valente, que não desiste diante de qualquer desafio. Para tudo há sempre uma saída.

 

Desde menina ouço essa expressão: “Não está morto quem peleia”. Mas de onde veio e o que realmente significa? “Peleia” é uma palavra muito usada na língua espanhola para referir-se à luta. E a expressão gaúcha significa que mesmo diante das adversidades, mesmo quando tudo parece impossível, se assumirmos uma atitude positiva ao invés de desistir, temos mais chances de superarmos as dificuldades. “Não está morto quem peleia” traduz este ímpeto que falei anteriormente, que vem de dentro, com fé, força, dinamismo e garra de quem tem sede de lutar mesmo quando tudo parece perdido. A expressão é também usada em músicas, refletindo a resiliência do povo gaúcho e demonstrando palavras de encorajamento.

 

Lá pelos anos 1998-1999, assim que a internet invadiu nossos ambientes de trabalho e lares, muitas mensagens de auto-ajuda passaram a circular através dos emails. Na época, eram raros os conhecidos que tinham acesso e o “spam” ainda não tinha invadido a nossa privacidade. Em uma dessas mensagens, tinha a lenda de um certo rei que havia assassinado alguém. Por ser influente, ao invés de assumir a culpa, o rei usou um de seus subordinados prometendo a este que ele não seria condenado. O homem sabia que estava em perigo porque sua sentença seria o enforcamento e para proteger a verdade, o rei faria tudo o que fosse possível para condená-lo.

 

Como esperado, o juiz que havia sido anteriormente preparado pelo rei, simulou um julgamento, fazendo uma proposta ao acusado. Disse ele: “Sou de uma profunda religiosidade e, por isso, vou deixar sua sorte nas mãos de Deus. Vou escrever em um pedaço de papel a palavra inocente e, em outro pedaço, a palavra culpado. O senhor sorteará um dos papéis e aquele que sair será o veredicto. O senhor decidirá seu destino”. O homem sentiu que estava em apuros, pois tinha plena convicção de que a palavra escrita em ambos papéis era “culpado”. Não havia saída. Tudo estava perdido. Ele iria para a forca.

 

Mediante à difícil e assustadora situação, temendo o pior, o homem olhou para o juiz e tomado por uma força interior, pegou um dos papéis e imediatamente o engoliu. O juiz, pasmo gritou: “O que você fez? Agora, como saberemos o veredicto!?” Ao que o homem respondeu: “É simples. Basta olhar o outro pedaço que sobrou e saberemos que acabei engolindo o seu contrário”. Imediatamente o homem foi libertado.

 

Gosto de lendas e expressões que nos inspiram a nos manter firmes diante das dificuldades. Elas nos impulsionam para a frente, lembrando que mesmo quando tudo parece impossível, mesmo quando não parece existir uma saída, se olharmos com mais sabedoria, encontraremos uma estratégia que nos mantém de cabeça erguida e confiantes na vitória.   Assim como o povo riograndense tem enfrentado muitas lutas sem perder a esperança no amanhã, que aprendamos a levantar a cabeça diante dos desafios que a vida nos trouxer. Que saibamos, buscar dentro de nós, aquela força interior capaz de mover montanhas mesmo quando alguém nos disser que não tem jeito. Decida você mesmo o seu veredicto! Seja você mesmo o autor da sua história! Siga em frente e avante porque “não está morto quem peleia!”.

Representando o Rio Grande do Sul, os meus amigos e irmãos de coração por mais de 30 anos: os manos Vargas do Tchê Guri, Leandro, Fábio e Alex.
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