Moisés e o perigo chamado Gean Loureiro
Meio político já parece ter se conformado com a presença do senador Jorginho Mello (PL) no segundo turno da eleição catarinense, no que diz respeito a disputa pelo Governo do Estado. Se até o final de agosto a grande dúvida era saber quem iria como governador Carlos Moisés da Silva (Rep) para o segundo turno, agora a dúvida parece estar ligada a quem será o adversário de Jorginho na segunda etapa da eleição. Preso ao rabo de foguete do bolsonarismo estadual, o senador estaria meramente esperando o anúncio de seu adversário. Pelo menos esta é a tese de quem está no epicentro das principais campanhas eleitorais neste ano.
As apostas também dão conta de que, provavelmente, o adversário de Jorginho seria Carlos Moisés. A naturalidade dos fatos sugere este cenário. Todavia, em Santa Catarina, as ultimas eleições não têm sido nada naturais. É neste viés que a figura de Gean Loureiro (PSD) tem sido cada vez mais ressaltada. Gean começou a campanha com o pé esquerdo, com um marketing eleitoral totalmente focado em Florianópolis, que parecia mas vocacionado a querer que ele fosse reeleito prefeito da capital, do que eleito governador do Estado. Nos últimos 15 dias, no entanto, os marqueteiros de Gean acertaram o tom, finalmente alinhando ele com a realidade estadual. A partir daí sua campanha ganhou corpo e se capilarizou.
Na via inversa do aparente crescimento de Gean Loureiro, é observada uma apatia sem igual do grupo ligado a Carlos Moisés da Silva. O MDB, principal aposta do governador para o pleito deste ano, simplesmente não vem correspondendo as suas expectativas. O partido saiu rachado da convenção que escolheu Udo Döehler (MDB) como seu candidato a vice, e desde então permaneceu assim. A bem da verdade, o MDB do Sul do Estado parece ser o único verdadeiramente coeso diante do projeto de reeleição do governador, ainda que pesem algumas dissidências. A apatia do MDB em nível estadual é a principal aposta do grupo de Gean Loureiro, que tem conversado de perto com muitos líderes do partido que não estão com Carlos Moisés.
Há muita gente crendo, também, que Esperidião Amin (PP) é quem poderá ir para o segundo turno. Interessante que os fãs desta tese apostam muito mais em Amin contra Carlos Moisés, do que em Amin contra Jorginho Mello. Partem do princípio que Esperidião será aquele que, na última hora, cooptará verdadeiramente os votos dos eleitores de direita do Estado, o que serviria para desbancar Jorginho na reta final da campanha. Amin, de fato, é o mais conservador, e o candidato mais ligado à média do espectro ideológico dos catarinenses. Seu grande problema são as cinco décadas de excessiva exposição na vida pública, o que lhe confere um teto eleitoral acima da média de seus principais adversários.
Candidatos pedem cancelamento de debate
Candidatos ao Governo do Estado solicitaram que a Acaert, a Associação Catarinense de Emissoras de Rádio e Televisão, cancelasse o debate que estava agendado para ser transmitido amanhã, das 9h às 11h30, através de uma cadeia de quase cem emissoras de rádio. Em nota, a entidade ressaltou que “atendeu à solicitação da maioria dos candidatos convidados, que argumentaram cansaço pelo excesso de debates no primeiro turno da eleição”. A Acaert, no entanto, ressaltou que, se houver segundo turno, “mantém o interesse em promover debate a ser realizado no dia 25 de outubro, às 9 horas, em Florianópolis, com transmissão ao vivo das emissoras associadas de rádio”.
PT aposta alto na disputa pela Câmara Federal em SC
PT catarinense mantém a expectativa de eleger quatro deputados federais neste ano, meta para lá de ousada, levando em conta que a legenda conta apenas com Pedro Uczai na Câmara Federal no atual mandato. O comando do partido, no entanto, acredita que a volta do ex-presidente Lula da Silva (PT) ao certame eleitoral fará com que o voto dos eleitores de esquerda e centro esquerda migrem para candidatos a federal do PT, na lógica da sustentabilidade governamental. Em princípio, o mais racional é imaginar que o PT consiga eleger dois deputados federais, e quem sabe três, em um cenário considerado além da perfeição.