Tudo está se encaminhando para que Santa Catarina tenha uma campanha eleitoral, ano que vem, totalmente fora dos padrões, com partidos políticos aliados a um determinado candidato ao governo, e parte de suas bases trabalhando para outro candidato. Isto se dará, obviamente, porque a absoluta maioria dos partidos de Santa Catarina não estão conseguindo chegar a um consenso quanto a quem apoiar. Em princípio, a única exceção parece ser o PL de Jorginho Mello, que sim, tem dissidências, mas elas são inócuas e inodoras, diante da magnitude de seu projeto de reeleição. Por conta disto o governador deverá enfrentar as urnas podendo contar com o apoio da quase totalidade dos deputados, prefeitos, vice-prefeitos e vereadores do partido, além do senador Jorge Seif. O mesmo não se pode dizer do PSD, do pré-candidato ao governo João Rodrigues, que está tendo dificuldades em arrebanhar os seus, em torno de sua pretensa candidatura.
No PT, a situação é ainda mais delicada, já que o partido não conseguirá sequer lançar um candidato ao governo de forma consensual. Seja quem for o candidato, a tendência é de racha nas bases do partido. Se houver um outro candidato de esquerda com potencial, é possível que os petistas que saírem descontentes do processo de escolha do candidato ao governo pelo partido acabem votando em uma candidatura alternativa.
Nas demais legendas, há pés para todos os barcos, mas, especialmente, para os barcos de Jorginho Mello e João Rodrigues. O MDB, o Progressistas e o União Brasil são representantes clássicos desta realidade. Os três partidos têm lideranças apoiando tanto Jorginho quanto João Rodrigues, e tais líderes não deverão mudar suas posições, independentemente do destino de coligação de suas legendas.
Há vários motivos contribuíram para que o cenário político em Santa Catarina chegasse a esse ponto. O principal deles é a falta de unidade ideológica das legendas. O MDB, por exemplo, é um partido que abriga tanto eleitores e defensores do presidente Lula da Silva, quanto do ex-presidente Jair Bolsonaro. A falta de unidade, automaticamente gera a divisão. Outro motivo é a falta de líderes estaduais fortes nos partidos catarinense, que tenham a capacidade de comandar de forma uníssona suas legendas. Nem Esperidião Amin, o último caudilho da política catarinense, consegue ter controle sobre o Progressistas. O terceiro motivo mais relevante para a falta de unidade partidária é o pragmatismo dos líderes partidários. Na atualidade, ninguém mais pensa em projeto político. Este tema, notadamente, cedeu espaço aos projetos pessoais.
Finais
- Está na fila, para ser julgado, no Fórum da Comarca de Sombrio, processo que pode levar à cassação do vereador sombriense Jucimar Custódio, o Bujão (PSDB). Trata-se da mesma situação que já culminou com as cassações dos vereadores de Passo de Torres, Guilherme Silva e Ademilson Batista da Silva, do PSDB, e Robison Roldão, do PL, como também da vereadora gaivotense Jussara Mattos, do MDB. Os quatro foram condenados a perda de mandato por suposta fraude no preenchimento das cotas de gênero, de seus respectivos partidos, na eleição legislativa do ano passado. No caso do PSDB de Sombrio, o foco são as candidaturas de Jéssica de Souza Teixeira, que fez nove votos, e Tainá dos Reis de Souza, que fez sete votos, na disputa por uma vaga na Câmara Municipal de Vereadores. Supostamente, tais candidaturas teriam sido registradas apenas para ajudar a preencher os 30% necessários de candidaturas femininas, na chapa proporcional do partido de Bujão, que foi o único vereador eleito de sua legenda no ano passado. No caso de perda de mandato de Bujão, em princípio, o Progressistas deverá ganhar mais uma cadeira no legislativo sombriense, através de Agnaldo de Oliveira Teixeira, o Agnaldo do Maracujá.
- O ex-ajudante de ordens do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), tenente-coronel Mauro Cid, disse ontem, nas entrelinhas, durante depoimento ao ministro Alexandre de Moraes, no Supremo Tribunal Federal, que o Brasil esteve mais próximo de um golpe militar do que se imagina. De acordo com ele, Bolsonaro recebeu no final de 2022 uma minuta de decreto que previa a prisão de autoridades, de ministros do STF, de deputados e senadores, como também uma relação para a criação de uma comissão para organizar novas eleições presidenciais no país, anulando com isto a vitória do presidente eleito Lula da Silva (PT), que havia se dado em outubro daquele ano. De acordo com Mauro Cid, Bolsonaro fez alterações em alguns itens do decreto, dentre elas a diminuição no número de presos, situação esta que seria imputada apenas a Alexandre de Moraes. As acusações de Mauro Cid não são novas, mas agora elas se dão em meio as oitivas que culminarão com o julgamento dos supostos envolvidos na tentativa de um golpe de Estado após a última eleição presidencial. Se as acusações restarem provadas, fatalmente Jair Bolsonaro será preso por tentativa de golpe de Estado.